domingo, 1 de fevereiro de 2015

Ciclos perdidos


“O desejo de parar, o medo e seguir em frente, o toque frio do destino nas costas, aquele que te diz para seguir em frente e aquele que te diz para parar. O impulso da vida que te arrasta para algum lugar, quer você queira ou não. A oportunidade de desistir e a chance de continuar de olhos fechados”


E quando os sorrisos acabarem, as antigas repetições que eram tão enjoativas farão falta e de repente se percebe que viver de novo aquele ciclo que era tão cansativo e que precisava ser trocado pelo novo, era o que bastava, mesmo que fosse pra sempre e não houvessem mais mudanças.
Depois que o que um dia foi, deixar de ser o que era, existirá a procura de pequenos clichês para tentar reviver pelo menos um fragmento do que não existe mais, e quando esses fragmentos forem “meramente alcançados”, conseguirão arrancar um sorriso tão doloroso que remeterá a idéia de algo pontudo perfurando o peito e alcançando o coração.
Alguns momentos só se tornam extremamente essenciais quando não podem mais existir, quando se foram para sempre. E as experiências novas tornam-se, por um momento, tão bobas e supérfluas por não poderem ser comparadas com o que se foi, mesmo que sejam necessárias para a “busca” do que se perdeu.
É só depois que se perde algo que começamos a temer o futuro, temer que algo mais seja levado. Às vezes esse medo é tão grande que mudar um simples hábito parece ser algo errado. Traz o medo de fazer algo diferente, e esse diferente ser errado, e esse algo errado piorar o que não está tão bom, mas que é melhor que um futuro impreciso com possibilidade de perdas.
Às vezes existe a ilusão de que se não houver mudança, talvez não haja perdas e por um tempo o “seguir em frente” é aparentemente abandonado e esquecido como se fosse um objeto qualquer. Tudo que tenta nos mover pra frente é ignorado e a sensação reconfortante é de que o tempo parou. Mas isso só dura o tempo em que algo surge e mostra que os olhos apenas estavam fechados e que o tempo ainda se move, quer você queira ou não. A diferença é o tempo que cada um leva para abrir seus próprios olhos.

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