“O desejo de parar, o medo e seguir em frente, o toque
frio do destino nas costas, aquele que te diz para seguir em frente e aquele
que te diz para parar. O impulso da vida que te arrasta para algum lugar, quer
você queira ou não. A oportunidade de desistir e a chance de continuar de olhos
fechados”
E quando os sorrisos acabarem, as
antigas repetições que eram tão enjoativas farão falta e de repente se percebe
que viver de novo aquele ciclo que era tão cansativo e que precisava ser
trocado pelo novo, era o que bastava, mesmo que fosse pra sempre e não
houvessem mais mudanças.
Depois que o que um dia foi,
deixar de ser o que era, existirá a procura de pequenos clichês para tentar
reviver pelo menos um fragmento do que não existe mais, e quando esses
fragmentos forem “meramente alcançados”, conseguirão arrancar um sorriso tão
doloroso que remeterá a idéia de algo pontudo perfurando o peito e alcançando o
coração.
Alguns momentos só se tornam
extremamente essenciais quando não podem mais existir, quando se foram para
sempre. E as experiências novas tornam-se, por um momento, tão bobas e
supérfluas por não poderem ser comparadas com o que se foi, mesmo que sejam
necessárias para a “busca” do que se perdeu.
É só depois que se perde algo que
começamos a temer o futuro, temer que algo mais seja levado. Às vezes esse medo
é tão grande que mudar um simples hábito parece ser algo errado. Traz o medo de
fazer algo diferente, e esse diferente ser errado, e esse algo errado piorar o
que não está tão bom, mas que é melhor que um futuro impreciso com
possibilidade de perdas.
Às vezes existe a ilusão de que
se não houver mudança, talvez não haja perdas e por um tempo o “seguir em
frente” é aparentemente abandonado e esquecido como se fosse um objeto qualquer.
Tudo que tenta nos mover pra frente é ignorado e a sensação reconfortante é de
que o tempo parou. Mas isso só dura o tempo em que algo surge e mostra que os
olhos apenas estavam fechados e que o tempo ainda se move, quer você queira ou
não. A diferença é o tempo que cada um leva para abrir seus próprios olhos.
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